terça-feira, 29 de junho de 2010

DR PAM - XÊ MO'WI (NÃO FAÇAS CONFUSÃO)

MAIS UM SINGLE PROMOCIONAL DO ALGUM REUNIFICADO
XE MO'WI (NÃO FAÇAS CONFUSÃO) - DOWNLOAD

segunda-feira, 28 de junho de 2010

MIXTAPE "O ÚLTIMO SAMURAI" VOL.02 - BOMBLIST



Conjunto Ngonguenha - A capa

Pois é manos,enquanto o CD não chega os Manos do Conjunto Ngonguenha divulgaram a capa do novo álbum. O conceito é baseado nos cadernos de escola dos anos 80 e 90. Quem se lembra?

domingo, 27 de junho de 2010

Allen Halloween - Entrevista em Vice PT



Já não me recordo exactamente de quem me falou pela primeira vez do Halloween, mas lembro-me que foi no contexto de fazer uma série de entrevistas a G Rappers portugueses. De facto a primeira vez que o ouvi fiquei imediatamente rendido à “fraca” qualidade do som dele, recordando-me as primeiras cenas de WTC. Isto só acontece quando o factor originalidade ultrapassa largamente a qualidade de uma grande produção, ou um grande estúdio – “Yes Baby I Like It Raw!”. Allen Halloween faz rap desde os 16 anos e editou o seu primeiro álbum, Mary Witch, em Outubro de 2006, tendo-se tornado num fenómeno de sucesso no universo do hip-hop nacional. Nasceu na Guiné-Bissau e aos quatro anos emigrou para Portugal. Do bairro Azinhada do Barruncho, num subúrbio de Odivelas, mostra uma face oculta do país, mostra de forma crua tudo o que os outros não mostram. Cresceu nos subúrbios entre rusgas policiais e rixas em discotecas, tem muito para contar e aproveita a música para o fazer. Fomos a Coimbra, ao Via Latina, e mesmo antes de um concerto, fizemos a primeira entrevista ao Halloween com a promessa de irmos a Odivelas muito em breve.
Vice: Se te disser que a forma como cantas faz-me lembrar o ODB e os teus instrumentais Wu Tang Clan, ficas ofendido?Halloween: Não fico nem um bocado ofendido. Eu gosto muito de Wu Tang, mas acho que tenho o meu próprio estilo e trabalhei muito para criá-lo.
Vice: As tuas rimas são relatos reais da tua vida?
Halloween: As minhas letras são pedaços da minha vida e daqueles que me rodeiam misturados com a minha arte. Não há nada que tenha escrito que não tenha vivido, visto ou sentido.
Vice: Dizes que não tens de chegar aos outros, mas os outros é que têm de chegar a ti, isso quer dizer que te estás a cagar para toda a gente?
Halloween: Eu nunca disse isso. Dei uma entrevista ao Público e quando questionado, se não temia que muitas pessoas não entendessem algumas expressões utilizadas por mim, respondi que nem sempre temos que ser nós a chegar aos outros, às vezes os outros têm que chegar a nós. Acho que cada pessoa anda na sua direcção mas quando queremos encontrámo-nos.
Vice: Qual é a história por detrás da música Fuck y’All yo?
Halloween: Fartei-me de ouvir mentiras. Acompanho o movimento underground “tuga” desde do início. Inicialmente era um grupo de putos que combatia o “sistema”, que depois no final acaba por fazer parte da criação desse mesmo “sistema”. Basta ires, por exemplo, ao Myspace desses combatentes do “sistema” e vê o grupo de amigos deles, e está lá o “sistema” todo. Falo duma elite do hip-hop “tuga” que dão festas entre si, gravam entre si e bloqueiam o acesso de outros rappers a lojas e outros meios de divulgação e venda. Eu senti isso na pele. O meu trajecto no hip-hop foi muito difícil, venho directamente da rua para os ouvidos do mundo.Popo:
A primeira vez que qualquer pessoa ouviu falar de Halloween não foi porque cantou na mixtape do DJ “x”, ou porque fez uma participação no álbum do conhecido 
rapper “y”, ou cantou na festa de lançamento do MC “z”, não, não houve nenhum convite nesse sentido. Finalmente, quando o meu CD saiu e começaram a chover telefonemas de todos, a música Fuck y’All yo não poderia ter outro nome e as coisas mudaram muito desde daí. Desde esse som novos talentos surgiram sem terem de lamber botas a essa elite. Acho que esse som traumatizou muita gente. Foi o único punchline que fiz até hoje e, hoje ainda fazem respostas a esse som… Mas eu já “bazei” há muito tempo. Existem coisas que me preocupam mais.
Vice: O 50Cent foi a Angola e foi roubado em pleno palco, tu foste lá dar um concerto e para além de não ter havido confusão, foste considerado o maior. Vês aqui uma evolução, uma demonstração de respeito?Halloween: Não se trata de evolução ou respeito, trata-se de inveja. O 50Cent foi a Angola e foi atacado por um invejoso qualquer à procura de protagonismo. Em termos de fama, ao lado de um 50Cent, eu ainda não nasci. Mas também já senti na pele esse lado oportunista e invejoso de algumas pessoas. Tenho tido sorte, os invejosos comigo têm-se dado mal. A minha “tropa” não dorme em serviço e olho gordo a gente vê à distância. Acho que há pessoas que só vivendo duas vezes irão perceber que os 50Cents, os Marilyn Mansons ou os Halloweens são o que são, não por serem maus ou gangstas ou malucos, mas sim porque a arte deles toca-as.

Vice: Mas em Angola és o número 1.
Halloween: Angola tem uma cena… o povo Angolano saiu da guerra…, mas mesmo durante a guerra, foi um povo que sempre gostou de se divertir. Os que estão aqui em Portugal também gostam de se divertir. Acho que os Angolanos se identificam comigo. Ao fim e ao cabo, há muitos rappers que falam mais ou menos daquilo que eu falo, mas falam em crioulo, e então os Angolanos revêem-se naquilo que digo.
ViceComo é que é a vida dos Angolanos aqui em Portugal?
Halloween: Bem… Agora também já há Angolanos milionários que andam a comprar esta merda toda! Mas como foi a vida deles? Eu já estive com Angolanos ali no CEF para tentarem arranjar documentos. São esses que se revêem na minha música… Angola, em certos pontos, é pior que Portugal. Quando fui lá, só para te dar um exemplo, estive no Rangel, que é um gueto, e estive no Chill Out, que é uma discoteca com um nível que aqui em Portugal nunca fui. É tipo 8 e 80. Tens pessoal a vender água e gelo na rua, e no Chill Out parecia que estavas em Miami. É por isso que vou lá cantar e há muita gente que se reconhece naquilo que eu digo. Uma coisa que nunca tinha visto antes de ter estado em Angola, foi estar no palco a cantar e estar um gajo no público a olhar para mim a chorar. Fiquei mesmo…, porra! Acho normal.
Vice: Em Portugal pouca gente conhece o teu trabalho. Trabalhas há quantos anos?
Halloween: Depende do que significa trabalho para ti. Rap. Vou dar-te uma dica. Desde os 16 anos, talvez 14, que faço rap. Sempre escrevi desde puto, desde os 8 anos. Sempre gostei de escrever. O primeiro gajo que apareceu no meu bairro a rimar, foi o Bottle, o primeiro MC que vi. É um gajo que foi da minha crew, foi para a Irlanda à procura da vida. Antes de ter visto qualquer rapper aqui em Portugal, vi-o a rimar e passado uma semana já tinha melhores rimas do que ele porque eu já escrevia. Não escrevia rap, mas escrevia textos e coisas que rimavam. Foi mesmo só apanhar o flow e depois a cena começou a crescer. Uma coisa normal. Não te vou mentir, tenho influências de Wu Tang, Tupac, mas tenho o meu próprio estilo. No fundo os estilos misturam-se e eu tenho o meu flow original.
Vice: Normalmente os rappers não falam dos projectos mais pequenos. 
Halloween: Isso é inveja.
Vice: Queres mandar um shout?
Halloween: Submundo, Dominus Familia, Goia, Kriminals Familia, J Cap, Drunk Master, TWA, gajos que trazem coisas novas. Há gajos que não me vêm à cabeça agora mas estes são gajos que trazem coisas novas, vocabulário novo. Inventam uma palavra e amanhã está na rua. Kapataz, Dealema, do Norte. Sebeyks, Kromo Di Ghetto, são tantos…
Vice: Isso é muita gente. ‘Tá-se bem?
Halloween: Sim, ‘tá-se bem. Mas se for preciso mandar alguém para o caralho, também mando. E há gajos que levam isso para outras cenas. Se não gosto de um MC começa-me a vir a cara dele à carola e a virem as dicas, escrevo e canto. E depois? Ele vai ver-me na rua e vai querer matar-me? [risos] É o que penso deles. Há gajos esquizofrénicos, doentes, falam mal de mim, vejo-os na rua e dão-me vontade de rir. Podia agarrar e metê-los na mala do carro e levá-los para o meu bairro, mas não. O pessoal pode dizer o que pensa de alguém sem ofender.

Vice: Acreditas que existem pessoas que têm medo de marcar um concerto teu?
Halloween: A cena não é o pessoal ter medo de me convidar para concertos. O pessoal tem medo de ver concentrados num sítio 100 pretos ou 100 gajos do bairro “não sei quê”. Têm medo de concentrações. Há certos sítios em Lisboa que, se me convidam para ir lá cantar, acontece isso. Mas eu não tenho nada a ver com isso porque sou músico, é o meu trabalho. Estou lá no meu canto e o que se passa a seguir ultrapassa-me. A cena é essa. Não posso controlar. Não posso chegar ao palco e dizer ao pessoal para não fazer confusão. Isso é um problema dos seguranças, eles é que ganham dinheiro com isso. Eu vou lá cantar o que tenho para cantar e vou-me embora.
Vice: Já foste convidado para aparecer na TV ou falar em rádios nacionais?
Halloween: Para te falar a sério, convidam-me para algumas coisas, para outras não. Vou dizer-te uma coisa, eu faço música e tudo aquilo que acho que vai levar a minha música além. Não tenho daquelas cenas: o Halloween é underground e não passa na MTV. Se leva a tua música além e não te põe a lamber botas… Se me queres pegar assim está bom! Eu dou-te o produto final e tu fazes o que quiseres. Por exemplo, nós estamos a conhecer-nos agora… E eu tenho tempo!
Vice: Compreendo.
Halloween: Sabes que não tenho manager e isso até fazia bem à carteira, mas também não tenho prazos, gravo o que quero e quando quero. É uma cena indie.
Vice: Tens data para o próximo álbum?
Halloween: Agosto, se Deus quiser. Mas trabalhos indie não têm prazos.


ENTREVISTA EXTRAÍDA DO BLOG 
madkutznews.blogspot.com

sexta-feira, 25 de junho de 2010

INFORMAÇÃO: TARDE HIP HOP ESTÁ DE VOLTA....


Está confirmado! A TARDE HIP HOP, evento musico-cultural Hip Hop, quinzenalmente organizado pelas produtoras ETU, GROOVE e IDEIAS FIXE, está de volta com muita garra e algumas mudanças positivas.
Segundo Eduardo Sidarta, CEO da ETU Produsons e membro da organização, o evento sofreu uma interrupção devido a falta de um recinto adequado para o mesmo.

Agora já com um recinto próprio a organização está a criar todas as condições necessárias para que dia 4 de Julho, as 14 h e 30 min, Bº Cassequel do Buraco, Rua 55 (Rua do Hotel Histórico), junto à tabela de basquete, a Tarde Hip Hop volta ao ar!

Em breve será divulgado o Panfleto com os nomes dos manos que vão participar nesse evento.

"Sr. DIPLOMATA - CACIQUE 97 (com IKONOKLASTA, BOB DA RAGE SENGE, SAGAS e SIR SCRATCH)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

FILHOS DA RESISTÊNCIA COLECTÂNIA PROMO TRACKS DOWNLOAD




01-En-transcendência(Prod.San)
02-Ondas sonoras (Prod.San)
03-Fragmentos (Prod.San)
04-Super mcs C\ Virus e Manda Jc (Prod.Boni)

Kromo di Ghetto-mixtape Este é o meu Ministério

Kromo di Ghetto um dos rappers mais polémica da tuga, chegou a agredir fisicamente o Regula, Bob da Rage Sense, Royalistic e meteu videos na net ameaçando alguns rappers tuga.

TARDE HIP HOP ESTÁ DE VOLTA

Após algum tempo sem a Quinzenal TARDE HIP HOP, por motivos que a organização do evento apresentará em primeira mão a esse blog, eis que dia 4 de Julho, Domingo, no Municipio da Maianga, Bº Cassequel, Rua 55, acontece a 3ª Edição do evento! Ainda não temos o Panfleto da mesma nem o elenco dos artistas convidados, mas a organização promete enviar-nos o mesmo, logo que esteja pronto!

Pessoal que curte HIP HOP divulguem esse evento.... Lembrem-se, NÓS SOMOS O HIP HOP.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

MIXTAPE DA PERIFERIA PRA NET, DA NET PRA PERIFERIA VOL 3



Mixtape totalmente independente colectada por Hebreu, do Noticiario-periferico.com, enviada pelos proprios artistas, que estao em busca do seu lugar no movimento Hip Hop em seus respectivos paises/estados. A mixtape conta com grupos Brasileiros, Moçambicanos e Angolanos.

Esta mixtape esta com uma qualidade optima. Curtam a cena e divulguem pra que mais pessoas ouçam o som destes manos.

Tracklist:
01-Analogicos - Rap Killaz [Prod.Hebreu] - ANGOLA
02-Os Agentes Part. Renan (Inquerito)- Carregando Pedras - BRASIL
03-B.GUERREIROS - SUA BOCA DE MEL (REMIX) - BRASIL
04-Bando Civil-Anthem(hino nacional)ft.Tek - MOÇAMBIQUE
05-Black Star - Black Star de Volta - MOÇAMBIQUE
06-Pamelloza - Pode Parar(Produção Emerson Tripah) - BRASIL
07-NordesteNato - Mais respeito - BRASIL
08-INEDITOS - Pra Todo Meu People Ouvir - ANGOLA
09-CHABBA - Oração - ANGOLA
10-KINHO MATOS AFFIRMATIVA- QUERO VER QUEM VEM - BRASIL
11-Gangster Life-Momento Certo - BRASIL
12-Ilustre - 2'' Antes da Morte - ANGOLA
13-Leopac - Meu Bem (Dj NT) - BRASIL
14-Khronic - Caneta & Papel - MOÇAMBIQUE
15-PRETO W.O-SÓ TIRANDO ONDA(MIX) - BRASIL
16-Projecto Firme - Puro Como Sempre - MOÇAMBIQUE
17-Casarão MC's - Respeita as cara - BRASIL
18-Carbono - CarBonus - ANGOLA
19-Nuwisha - Vai Pensando - BRASIL
20-Shiny Feat Tharcis TRS & MKE - A policia vem ai - BRASIL
21-FATOR X feat WLAD BORGES musica LAGRIMAS - BRASIL
22-Ds Click - Acredita se quiser - MOÇAMBIQUE
23-Fydell Part. L-ton - O Jogo - BRASIL
24-Rhéu - Só Eu - BRASIL
25-SEGUNDA VINDA - SEM HORA MARCADA - BRASIL
26-V.H. - Abrigo dos Refugiados - BRASIL
27-Anjos da Rua - Violência - BRASIL
28-Gee - Di Coração [Remix] - BRASIL

Links para download: Mediafire 4Shared

AZAGAIA - Arrrii! (DOWNLOAD)


Depois de algum silêncio, o Mano Azagaia faz um som onde analisa o caso "MBS, o Barão da Droga". Segundo a Cotonet Record, essa breve intervenção é um pequeno rastilho daquilo que poderá ser o "KHUBALIWA", o próximo álbum do Mano Azagaia a quem eu chamo "GENERAL AZAGUIRYS".Curtam o som....


Clique aqui para Download: AZAGAIA - Arrrii!

Grande Entrevista à Keita Mayanda

Hoje, deixo aqui uma entrevista de Keita Mayanda, um dos Grandes Nomes do Hip Hop Angolano e Lusófono.  Encontrei a cena no Blog da Kano Kortado Record e como achei interessante, fiz um repost aqui no Blog.


Como surgiu a sua paixão pelo hip-hop? E porquê o hip-hop?



Vou começar por responder a segunda questão: o hip-hop não foi uma escolha, aconteceu, é realmente uma paixão e com as paixões as coisas quase nunca são planeadas ou racionalizadas, a paixão surgiu por volta dos 12 anos de idade, ouvia um rap ou outro e queria sempre mais, só que era um género de música desconhecido em Angola e eu não sabia como adquirir cassetes, até que um dia descobri que a Rádio FM Stereo passava um programa onde o rap era a música predominante, toda a segunda-feira ao fim da tarde, eu e um amigo escutávamos embevecidos e assim comecei a descobrir o rap e mais tarde o Hip-Hop.



Como encara o hip-hop em Angola e como descreve a sua evolução?



O hip-hop em Angola evoluiu de modo desigual, isto é, entre os seus elementos apenas o Mcying se desenvolveu de modo razoável, os outros elementos são bem pouco desenvolvidos e têm ainda pouca visibilidade, é verdade que temos crews de b-boys e crews de graffwriters, mas a posição de dj que é a mais antiga e que deu origem ao hip-hop não existe quase, se quisermos ser rigorosos poderemos dizer que não se practica o djying em Angola. O rap em Angola se desenvolveu de modo parecido ao que se faz no resto do mundo, em termos de produção e mesmo em termos de desempenho dos mcs, é bem verdade que existem características que só existem no rap angolano, como o facto do rap de cariz político ter-se desenvolvido como uma maneira de fazer rap quase um estilo, aliás muitos consideram o rap político como o rap underground, o que em termos rigorosos não é verdade.



Como encara o hip-hop no mundo lusófono em geral?



Eu oiço bastante rap do Brasil, acho que eles tem o melhor rap e o melhor movimento hip-hop da lusofonia, mais diversificado, mas estruturado, produz mais, possuem vários eventos, têm uma conexão com a sociedade que não existe em nenhum outro movimento na área da lusofonia, mas oiço também rap de Angola, Moçambique e Portugal, mas considero o rap do Brasil o melhor.



O que significa a música para si?



“…eu chamei a música e amamo-nos mutuamente/ desde então o som da liberdade esta no meu coração/ essa relação que não se compreende a nível da razão…/ esses versos revelam a minha relação com a musica, para mim é um tubo de escape, o divã do psiquiatra.




Como músico em Angola, pensas que tens o devido apoio e reconhecimento?



Não tenho qualquer tipo de apoio, mas o tipo de rap que faço não recebe e nunca receberá qualquer tipo de apoio e ou reconhecimento (excluindo as pessoas que gostam da minha música) quer institucional ou outro, isso é para os músicos do sistema, os amigos dos radialistas e os lambe botas de plantão.



Ja é possível viver só da música em Angola?



Há artistas que obtêm parte fundamental da sua renda através da música, possuem uma agenda de concertos grande e recebem os melhores cachets do mercado, mas não são muitos, e eu disse parte fundamental porque ainda tem de fazer outras coisas tipo publicidade para engordarem a renda, alguns recebem apoios de empresas e assim garantem o seu sustento.



Sabe-se que também gosta de escrever poesia. Gosta mais de se exprimir pela poesia ou pela música, ou será que para si é a mesma coisa?



Eu sou o tipo de mc que escreve antes de pensar na música, mas não posso dizer se gosto mais de escrever poemas ou compor musicas, penso que é bastante ténue a fronteira entre as duas formas é a velha relação entre poemas que se musicam e letras poéticas.



Descreve-nos Keita Mayanda como artista.



Mc, underground e não tenho receio de o dizer, hoje em dia há bastante confusão sobre o que é underground e o que é comercial, eu não faço confusão entre os conceitos. Sou um quase poeta, souful mc, post revolucionário, neo espiritualista com os pés bem assentes no chão e uma mente que funciona a mil.



E como homem?



Reservado, amigo dos amigos, metódico.



Como surgiu o relacionamento com MCK, Ikonoklasta, e o resto do Conjunto Ngonguenha?
Keita Mayanda, MCK, Grande L
Há já muitos anos que somos amigos, são os irmãos que o rap me deu, a ideia de fazermos o Conjunto foi creio do Leonardo ou do Conductor, numa fase em que morávamos em países diferentes, mas conseguimos fazer o álbum em três semanas numa altura em que pudemos nos reunir todos em Lisboa. Não são só parceiros do rap, são kambas do peito e já passámos por muitas cenas juntos, boas e más.



As músicas que fazem como Conjunto põem-me em gargalhadas. Pensas dar seguimento a este projecto?



Acabamos de gravar, há uns poucos meses, o segundo cd do Conjunto que vai chamar-se Nós Os Do Conjunto e vai ser editado em 2010 pela Masta K. vai seguir a mesma linha de pensamento do primeiro embora não seja como um sequência, procuramos não nos repetir eh como diz aquele kuduro: “ igual ao outro mais diferente”.



Falemos um pouco sobre cultura. Quais são para si os pontos fortes da cultura angolana?



Eu vou falar da cultura não como manifestação artística apenas, mas como modo de ser, usos, costumes e crenças, nesse sentido acho que o mais positivo da cultura Angola é a capacidade de se reinventar de se superar e às dificuldades e a capacidade de sorrir na adversidade e de ser generoso mesmo quando se possui pouco.






O que mais o faz sentir-se orgulhoso de ser angolano?



Não é algo físico, tão pouco tem a ver com as conquistas (poucas por sinal) que o país alcançou, tem a ver com uma energia irracional, um amor que não pede contrapartidas, existe pelo simples facto de aqui ter nascido, por fazer parte dessa terra, compreender o mundo a partir do facto de ser angolano, eu não sou desses que maldiz o pais por causa da governação, desses que não amam Angola porque ela não atingiu os níveis de desenvolvimento que se observam noutras partes do mundo, desses que voltaram porque Angola é que esta a dar nesses tempos de incerteza financeira e desemprego na Europa, desses que são angolanos por conveniência e que são incapazes de compreender o nosso processo histórico, politico e sociocultural, ser angolano exige de nós compreender a nossa realidade muito alem do que são as nossas conquistas pessoais, carro, casa e emprego.



Quais são as tuas influências literárias?



Eu li bastante na adolescência, li muito mesmo, 5 livros por semana era o que eu lia, hoje leio bem menos, tenho menos tempo, mas também a literatura encanta-me menos hoje, mas as minhas referências literárias vão desde Henrique Abranches a Pepetela, de Agatha Christie a Jorge Amado e muitas outras que marcaram cada uma o seu momento na minha adolescência e inicio da juventude.



E influências musicais?



Ah! Aí é difícil descrever, porque ao contrario do que aconteceu com os livros, a musica só cresceu, e cresceu, a minha necessidade de ouvir musica é quase patológica, sou um viciado em pesquisa de musica e em downloads, estou sempre antenado as coisas novas, novos artistas, coisas velhas, novas experimentações musicais é melhor não referir artistas mas géneros musicais assim é mais fácil porque seria uma lista imensa, eu gosto muito de rap, o rap é a minha base, mas hoje gosto mais de neo soul que é uma variação da soul tradicional, mais influenciada pelo rap, gosto de jazz, de semba, de samba rock, bossa nova, musica electrónica, musica experimental, world music, musica africana, é verdade que esses conceitos são demasiado elásticos para que o leitor perceba exactamente o que, mas é porque eu oiço muitas coisas, por exemplo no rap não oiço gangsta rap ou rap comercial, gosto da nova cena da west coast (de Madlib a Fashawn) adoro o rap da east, a cena de Detroit a cena de Philladelphia, gosto de rap francês, rap sueco, rap japonês, glitch hip hop, souful hip hop, nada de 50 cent ou Lil Wayne e nem é por razoes ideológicas, simplesmente não curto, não me agrada, tem o seu valor, mas não toca no meu ipod.



Quais são os teus artistas lusófonos preferidos?



Os irmãos Mingas, o Bonga, Nação ZumbiCéU, Parteum, os meus manos do Conjunto Ngonguenha, Curumin, Clube do Balanço, Marisa Monte, Racionais Mcs, Kilu, 340ml (apesar de não cantarem em português são de Moçambique) Djavan, Teta Lando, Marku Ribas, Beto Villares, Tim Maia, Otto, Instituto, Silvera, Ed Motta, Maria Gadú é muita cena nem é possível lembrar todos, mas deu pra perceber que oiço muita música do Brasil (quem não ouve né?) mas sobretudo a cena mais alternativa de São Paulo e Pernambuco.



Algumas das tuas músicas têm um forte teor psicológico e social, tal como a música Sociologia. Como surgiu a ideia e a inspiração para esta música?



Eu tenho uma licenciatura em Sociologia, mas ao contrário do que muita gente pensa esse facto tem pouca influência no que escrevo ou nas minhas ideias, muitas pessoas referem-se a isso como se eu fosse uma folha em branco antes de ir para a universidade, mas a verdade é que sempre fui muito curioso e li bastante sobretudo na adolescência isso sim formou a minha base ideológica, os livros que li antes de ter 20 anos. Eu queria fazer um som onde o título não indicasse claramente o tema, eu curto fazer isso, gosto de títulos curiosos e que nem sempre tenham referência explícita nos versos. Queria muito fazer uma música que falasse sobre sustentar uma família e sobre os sacrifícios que se consentimos quando estamos nessa posição, não é o meu caso, mas é um assunto que sempre me fascinou.






O que achas dos valores e padrões morais da juventude angolana?



Não tem porque não receberam, os valores e padrões existem mais nada tem a ver com moralidade, os valores são o dinheiro, a jactância, a impáfia, a ostentação. O padrão é ser da “elite” a palavra esta entre aspas de propósito, é frequentar o Palos e estudar na Universidade Lusíada ou ter estudado fora do pais de preferência na Europa ou Estados Unidos, ter morado fora do país porque na cabeça dessa gente esses padrões e valores te fazem superior em relação a maioria.



Na música O Caminho do Meio fazes um apelo para sermos mais humanistas. Vês uma certa falta de humanismo no homem/mulher angolano(a)?



Costumava ouvir que um dos maiores valores da nossa cultura é a solidariedade, penso que estes anos de guerra, de privações de toda a espécie aliados a nova geração de ricos que ostentam e humilham os pobres contribuiu para que as pessoas olhassem apenas pra elas mesmas, é fácil ser generoso quando não te falta nada, mas incrivelmente os mais ricos são os mais avarentos, basta ver qual a dimensão e qualidade das acções de caridade neste país praticadas por empresas ou por pessoas abastadas, precisamos de construir um novo angolano, que saiba amar e respeitar o próximo.






Como encaras a sociedade angolana em geral?



Doente, profundamente doente, completamente disfuncional, entenda, tens uma polícia que além de não proteger, ainda se envolve em roubo e assassinato, os políticos inspiram asco na maior parte dos casos, por falta de honestidade e amor pelo país, professores mais preocupados em jactar-se do que em ensinar, pais que se desresponsabilizam da educação dos filhos, ninguém ama a cidade onde vive, todos sujam, cospem, maltratam a cidade. A minha visão é sombria, é verdade, existem também coisas boas é verdade, mas acho que no actual contexto temos de ser duros e não alinhar com a proposta do sistema de vender a imagem de um país que se desenvolve porque existem projectos mirabolantes e megalómanos, o país são as pessoas sobretudo e se as pessoas não estão bem como pode o país estar bem?



Quais são as tuas ideias acerca do desenvolvimento Socio-económico de Angola?



Deve se centrar na melhoria do sistema de ensino, e na melhoria nos serviços de saúde, em termos puramente económicos a agricultura tem de continuar a receber a atenção que tem recebido nos últimos dois anos, mais investimento nesse ramo da actividade económica, para ajudar a diminuir o peso das importações na nossa economia, criar empregos, criar renda e assim gerar riqueza para o Estado, o turismo e a rede de transportes tem de ser melhorada com eles vira certamente mais emprego, e mais riqueza para os investidores e para o Estado, com isso Angola vai se tornar destino de verdadeiro turismo, aumento e melhoria de toda infra-estrutura habitacional, rede de esgotos, energia e agua, a modernização de Angola garantirá que os seus melhores filhos na diáspora retornem e que mais pessoas respeitem o nosso país.



A música que fazes com Ikonoklasta, Falso Orgulho (pt. 2) contem algumas críticas tuas ás duas forças politicas do país. Qual é a avaliação que fazes acerca destes dois partidos tão influentes no historial deste país?



Pelo que posso entender são dois partidos que se posicionam a esquerda, ideologicamente falando, mas que agem profundamente como uma direita reaccionária, oligarca, no caso de quem governa, despreocupada com os valores que nortearam as suas fundações, portanto distantes do povo que dizem representar.



Qual a sua opinião acerca do actual clima politico do país?



Morno. Desinteressante. Poucos políticos conseguem realmente captar a minha atenção, poucos conseguem criar verdadeiros factos políticos, o meio político parece-se com um certo rap que vive de fazer diss, beefs porque só assim consegue chamar a atenção.



Tens fé no futuro de Angola?



Não sei o que será de Angola nos próximos 10 anos, a futurologia é algo que não domino, mas esta a se tornar um Brasil em dimensão menor, mas só agregando as coisas que o Brasil tem de pior, os Macintoshes são na opinião de muita gente os melhores notebooks, então Angola é um Macintosh numa kubata de lata, velha e feia sem agua e sem luz, brinco de ouro em nariz de porco. Ja disse antes o pais são as pessoas e não os prédios novos e shopping centers, tem a sua importância, mas se nao servem a todos, servem pra quê?



5 MCs que respeitas, em Angola ou no estrangeiro:



Vou só citar os que mais respeito em Angola Leonardo Wawuti, Conductor, IkonoklastaMcK e Edu ZP, como apenas pediste 5 fico por aqui.



5 artistas que ouves quase que diariamente:



Nos últimos tempos: Erik Rico (Journey Back To Me) Electric Wire Hustler (Every Waking Hour) Mr. PopCorn (Epopcorn), Jesse Boykins III (The Beauty Created), Shafiq Hussein (En-A-Free-Ka).



Petro ou D’Agosto?



DAGO, DAGO, D’AGOSTO até morrer.



Funge com moamba de galinha ou feijão de óleo de palma com cacusso?



Feijão de óleo de palma com cacusso é claro, essa é a melhor comida do mundo.



Cidade preferida em Angola?



Huambo. Aconselho todos a visitar a cidade com melhor qualidade de vida no país, conheço todos os municípios da província e eu nasci em Luanda, portanto não sou como esses que só sabem falar bem da sua região ou etnia, temos de ser justos.



Livro preferido?



Olha já li há uns 15 anos e só lembro o título do livro: Entre Lobos. A estória passa-se num campo de concentração nazi, e eh sobre um grupo de prisioneiros que esconde dos nazis a existência de um bebe no campo. Li várias vezes quando tinha 14 ou 15 anos.



Música preferida de todos os tempos?



Melhor música do mundo é da Lauryn Hill: Ex-Factor, essa me derruba mesmo.



Pensamento do dia:



Ser melhor a cada dia.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

MIXTAPE "MÁFIA KING" LANÇAMENTO OFICIAL (FREE DOWLOAND)....



Depois de muita expectativa, aqui vai o lançamento oficial da mixtape "
Mafia King" de Vui Vui:

01. "MAFIA KING"
02. "HOMEM VS. MÁQUINA" FT. XINGA
03. "TROPA DA MILLE MAMBOS" FT. LATON E GM
04. "EU E OS MEUS NIGGAS" FT. CFKMALEFGIRINHASMALLZBOY MAXXDAMANIGOD GCELSO OPP
05. "AFIRMA-TE I.V.O" FT. FORÇA SUPREMA
06. "FREESTYLE" FT. HERNANI DA SILVA
07. "DE MIM PARA VOCÊS" FT. MAD
08. "HOMEM FEITO" FT. DENEXL E EDÚ ZP
09. "MC BIN LADEN"
10. "TRY ANOTHER ROUND" FT. VILL
11. "32 BARRAS DE OURO"
12. "CAMISOLA 10" (ESSE NIGGA É O VUI)
13. "SÓ DEUS ME PODE JULGAR"

DOWNLOAD LINKhttp://www.mediafire.com/?zcg0nzhankt

terça-feira, 15 de junho de 2010

ELEICY & BLACK...



Eleicy e Black, grupo musical do estilo Rap, Soul, R&B, formado há mais de 13 anos na cidade de Luanda, onde ambos os integrantes residem.

Entre várias participações e actividades de carácter musico-cultural, destaca-se a participação no projecto musical em homenagem ao Primeiro Presidente da Republica de Angola, Dr Agostinho Neto. Nesse projecto, intitulado "VOZES PARA NGUXI", o grupo fez um dueto com um dos mais consagrados músicos nacionais, Matias Damásio, cuja faixa intitula-se "HERÓI PARA SEMPRE".

Actualmente o grupo encontra-se na fase final da sua Primeira Obra Discográfica que trará 12 faixas inéditas do estilo Rap, Soul e R&B e conta com as participações de Kanda, Matias Damásio, Mauro e Elísio, Extremo Signo, Reade Neutro, Katia, Eliane de Jesus, Baby Max, Josemar e NO WACK.

A Primeira fase dos trabalhos está concluída e aguarda-se apenas a chegada dos CDs que estão a ser reproduzidos no Brasil.

O lançamento está agendado para o final desse ano, 2010, e logo que os Cds estejam em solo nacional, será divulgada a data de lançamento do mesmo.

O grupo tem 3 faixas promocionais que contam com as participações de Leu Love(em Vida Latona) e Extremo Signo(em Game Over).

Para baixar as tracks é só clicar no link:


Por: Ivan Abramovich